Blogueira sueca de 108 anos é sucesso na internet

Blogueira sueca de 108 anos é sucesso na internet
Foto: Site Allers

A sueca Dagny Carlsson é uma prova de que a internet pode e deve ser um lugar comum para todas as faixas etárias. Aos 108 anos, ela é considerada a blogueira mais velha do mundo. 

Dagny sempre quis ser escritora e a inclusão digital pode proporcionar a realização do seu sonho. Aos 99 anos, começou a frequentar as aulas de informática. Quando seu instrutor perguntou o que ela gostaria de fazer, não pensou duas vezes. “Eu quero ser blogueira”, respondeu. 

E foi assim que surgiu seu blog. Com mais de 4 milhões de acessos, a idosa compartilha suas dicas e experiências em diversas áreas, como gastronomia, beleza, viagens, vivências, sempre com uma pitada de bom humor.

Além de ser blogueira, Dagny é uma militante ativa nos direitos dos idosos e participa de diversos programas e debates importantes. “Os idosos não são tão estúpidos como a sociedade pensa. É preciso mudar esse conceito. As pessoas mais velhas são tratadas, em geral, ou como se fossem crianças, ou como se fossem idiotas. Dizem aos idosos “você não entende isso”, “meu velhinho” e coisas assim. Eu digo que os idosos merecem mais respeito”, afirma a blogueira. 

Muitos chegam a questionar sua idade devido sua vitalidade. “Sou incrivelmente velha, mas não me sinto velha. Quero ser tratada como qualquer pessoa. Não como um fóssil. Com certeza, há muitas pessoas como eu. Deveríamos ir para as ruas e protestar alto, como fazem os jovens, e exigir que as pessoas nos ouçam. Desafio todos os idosos: sejam mais assertivos!”, disse em um dos seus posts publicados. 

A motivação de Dagny é um belíssimo exemplo de que, mesmo com a idade avançada, ainda há muito para viver e há muito para ser compartilhado, seja na vida ou na web. Então quando pensar que não há mais “tempo” ou se julgar “velho(a) demais” para realizar seus objetivos e sonhos, lembre-se dela. 

Confira o vídeo abaixo:

Vídeo: dw.com

Babayagas: o “anti-asilo” feminista na França

Babayagas: o “anti-asilo” feminista na França

Elas são divorciadas, viúvas ou solteiras. A maioria tem filhos, netos, e todas possuem mais de 60 anos. Independentes, politizadas e ativas, essas mulheres decidiram que sua velhice seria exatamente do jeito que elas desejassem. “Nem marido, nem patrão, nem família, nem Estado” decidem no lugar delas como, onde e de que maneira envelhecer. Elas moram bem em seus estúdios modernos, pagando um aluguel baixo, criando projetos coletivos e viajando o mundo. A RFI foi conhecer a Maison des Babayagas, no município de Montreuil, na região parisiense, durante um domingo de sol e de atividades coletivas.

Baba Yaga, na mitologia eslava e russa, significa “fada”, “bruxa”, uma feiticeira solitária de mil disfarces, velha e poderosa, que monta dragões e se traveste sem restrições de gênero, tem um séquito de filhas e que pode ser “boa e má” ao mesmo tempo. O nome não poderia ter sido melhor escolhido para este projeto criado pela fulgurante Thérèse Clerc, mítica militante feminista francesa de Maio de 68, que morreu em Paris em 2016. Clerc é um nome conhecido do movimento feminista francês, muito antes das moças irem queimar soutiens em praça pública. Seus depoimentos figuram em documentários e documentos históricos como o filme Les Vies de Thérèse, do diretor Sébastien Lifshitz, lançado em 2017 sobre a vida da ativista.

Antes de partir, no entanto, Thérèse cimentou as bases de seu projeto coletivo em um documento, que todas as novas integrantes da Maison des Babayagas devem assinar junto com o contrato quando entram para a associação: uma lista de “valores” que todas devem subscrever e respeitar, até o fim da sua estadia no local.

No topo da lista, a palavra “autogestão” não deixa dúvidas. As senhoras devem se responsabilizar por sua vida, sua casa, seus projetos e seu futuro. Elas nunca estão sozinhas, e possuem uma infraestrutura mínima do Estado, mas a autonomia pessoal é um valor que não se coloca em dúvida neste coletivo de Montreuil, criado em 1999, e chamado de “anti-asilo” pelo jornal Le Monde. A Maison foi inaugurada em 2013, após uma longa luta coletiva, capitaneada por Thérèse.

Isso significa que, sim, quando uma das Babayagas perde, por motivos de saúde, a autonomia física ou mental para continuar a se “autogerir”, ela precisa partir para uma das estruturas francesas destinadas ao acolhimento no fim de vida. “Não somos um Ehpad”, diz Kerstin, atual presidente da Maison, onde mora há três anos. Ela se refere aos asilos-padrão da França, subvencionados pelo Estado, para onde vão os sêniores que, por um motivo ou outro, perderam sua autonomia e cujo apoio da família não é suficiente para garantir cuidados médicos vitais.

Não existe empregada nem faxineira à disposição no local. Como a maioria da população europeia, as Babayagas tomam conta da manutenção de suas moradias e das áreas em comum, como os três jardins coletivos. “Fazemos nós mesmas nossas compras, nossas refeições, lavamos nossa roupa, pintamos nossos apartamentos quando precisamos”, conta a presidente. “Este prédio em que moramos fica no centro da cidade, temos cinema, mercados à disposição, o teatro, restaurantes, o metrô fica na nossa porta. Não envelhecemos rápido aqui”, diz.

“Todo mundo fala que é preciso preparar a sua aposentadoria, é verdade. Mas quando chegamos lá, a verdade é que nos sentimos um pouco perdidas. Aqui, mesmo se não tenho amizade próxima com todas as moradoras, fazemos coisas juntas, construímos essa cabana, cuidamos do jardim, temos projeções de filmes e projetos de verão, yoga, tango. Ainda não estamos prontas para entrarmos em um Ehpad”, diz. “A verdade é que gostamos da nossa liberdade e da nossa autonomia, queremos isso até o fim, e nossa aposta aqui é envelhecer melhor, com mais qualidade”, completa Catherine, que mora há seis anos no local.

A solidariedade parece ser moeda corrente entre essas senhoras, que dividem entre si a dor e a delícia de suas escolhas pessoais. “Passamos tempo consolando companheiras que estejam passando por um momento difícil, é normal. Visitamos, tentamos levantar o moral”, diz Kerstin, que acaba de passar duas semanas de férias em Los Angeles em companhia de outra Babayaga, Catherine. Neste domingo de sol, as duas conversam com a RFI no jardim coletivo, administrado em detalhes por essas feiticeiras modernas. “A política é importante”, pontua a secretária-geral da associação. “Não podemos nos esquecer que esta casa tem o apoio da prefeitura de Montreuil, que é comunista”, diz.